segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Vinte e quantos anos?

Posso me comportar como uma velha? Posso carregar o peso de 20 anos a mais?
Foi anteontem que completei mais um janeiro chuvoso, e como manda a tradição fiquei chorona e chata, odeio fazer aniversário, por mais que a festa estivesse cheia, divertida e com amigos de longas e recentes datas, o espaço deprimido estava por lá.
Mas já se passaram dois dias e o meu calendário conto por horas, enfim, melhorei!
Amadurecimento é a palavra odiada do momento, pra que amadurecer? O gigante mundo que existe na cabeça de uma criança é muito mais divertido, intenso e bonito! Provo o contrario do que antes parecia ser impossível e dou pouca importância pra isso, por quê?
A festa foi num karaokê e eu que não canto absolutamente nada não desci do palco, roubei muita música alheia também, o grito e a dança me tiravam da realidade e espantavam os males, espantavam até a galera, se pá. Janis Joplin morreria de vergonha em ver alguém com o cabelo tão parecido com o dela mandando tão mal, mas acharia graça também, certamente!
Está tudo bem diferente do que eu planejei, bem diferente de como prometi que seria, mais puxado pro lado ruim, confesso, porém, ainda com lado bom. A pergunta dos 23 anos de vida foi: Por que você não desiste? E a resposta, não tão cedo pretendo dar.
Quis estar ao lado dos daqui, ao lado dos que fazem parte deste novo eu, ao lado dos que me ajudaram a construir tudo aquilo que não é visível, mas que existe! Senti saudade dos de lá, alguns vieram e outros apareceram somente pelo celular. Amoleci com cada palavra e abraço de “parabéns”.
Tracei planos revolucionários pra esse começo de velharia, daqueles que te forçam chutar o pau da barraca e jogar tudo pro alto. Mas... tudo o que? Tudo! O meu tudo, aquilo que só faz sentido e tem graça pra mim e que muitas vezes prefiro manter em segredo. Acho graça levar tudo isso como um namoro secreto, que não precisa ser público para ser perfeito.
Recomeço é a palavra amada do momento! Contei que ganhei um filhote de cachorro de natal? É o Zeus!

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

No coração não cabe mais saudade.

Difícil encarar a despedida quando não há mais possibilidade de dizer até logo. Perdi um amigo, um amigo que era chamado de tio, mas que poderia perfeitamente ser chamado de pai, pois era exatamente assim que me sentia acolhida, como filha.
Ontem foi a primeira vez que vi esse amigo sem um sorriso no rosto, primeira vez que ouvi seu silêncio, primeira vez que me fez chorar. A dor parece não ter fim, eu quero que ela saia de dentro de mim, quero que saia de dentro deles, quis ser forte, mas não deu.

No começo da adolescência eu estava satisfeita por ter ganhado uma melhor amiga, divertida e parecida comigo, mas não podia imaginar que ganharia uma família junto, que me acolhe, agrada e faz com que me sinta em casa. Acho que a carência de pai fez com que eu admirasse tanto este parceiro, eu amava suas piadas, não tinha a mínima graça, mas me arrancavam gargalhadas. Amava sua dança, seu chapéu, sua bota, até seu jeito caipira de assuar o nariz no meio da rua e matar a gente de vergonha. Só tenho boas lembranças, lamento muito não ter dado um “feliz natal” pessoalmente.
Meu coração começou a partir no baile de formatura, onde pude observar seu esforço gigantesco pra acompanhar uma valsa, escorreu lagrimas quentes no meu rosto, tive vontade de guardar a família toda num abraço e dizer: fiquem tranqüilos, eu cuido de vocês.
O tio era um boêmio nato, me ensinou a tomar cerveja no copo de alumínio porque não esquenta. Lembro da vez que ele quis me agradar fazendo uma caipirinha de menta que segundo ele era sua especialidade, ok, mesmo gostando pouco de menta topei experimentar, e foi uma das maiores besteiras que já cometi, a caipirinha era terrível, mas eu não conseguia falar, pois sua cara de empolgação era tanta que me tirou toda a coragem, pois bem, ele acreditou que eu tinha gostado da bebida e durante 10 anos tomei forçada um dos piores drinks da minha vida pra agradar esse querido, tinha vezes que a tortura era maior, eu virava o copo pra acabar logo com a poção e ele ia correndo preparar outro. “Eita Rafinha, o tio vai preparar outra especial pra você.”
Tio Newton, você foi um presente de Deus, pra sempre vou agradecer por ter feito parte da minha vida e do meu crescimento. Exemplo de amigo, companheiro e pai. Sem duvidas, uma das melhores pessoas que já conheci.
Nunca trabalhei com a idéia de entrar naquela casa e não te encontrar, nem perder as palavras e não saber como confortar minha amiga.
Lamento não ter dado um abraço forte de despedida, queria ter contado que me formei, que estou pensando em viajar e que queria que a Isa fosse morar comigo em São Paulo, só pra ver sua cara de desaprovação...
Tenho certeza que o senhor está num bom lugar, tio, bonito, com piscina e amigos pra bater um papo no final da tarde. Sei que já deve ter arrumado um chapéu pra proteger a careca e está repassando a piada do corrimão que eu te contei da ultima vez. Descanse bastante tio, em paz!
Nunca deixaremos de sentir sua falta, seu lugar está guardado no coração. Prometo nunca abandonar aquela família e cuidar sempre do melhor jeito que eu puder.

Um beijo tio, te amo!

26/12/210