terça-feira, 5 de abril de 2011

Meu anjo bochechudo

Família a gente não escolhe, nem quando temos essa chance, o destino ou qualquer outra força maior coloca em nossas vidas aquele ser do tamanho exato da necessidade.
E foi exatamente assim, depois de muita insistência, no auge da minha rebeldia que convenci a família toda que precisávamos de um cachorro. Chegamos a casa daquela família incrível aonde uma boxer caramelo bem parecida com que eu tinha perdido meses atrás veio nos receber, botando ordem no pedaço e defendendo a cria. Adorei a filhotinha Mel, gordinha e meiga como a mãe, e decidi, vamos levar. Já estava de saída quando tropecei naquela coisinha rajada mordendo minha Melissa, bati o pé no chão e ele soltou um mega latido, abanou o rabo tão forte que chegou a deitar de lado, me conquistou, tive certeza naquela troca de olhares que era Ele!
A gente se amou naquele segundo, eu já sabia que tinha ganhado um companheiro. Mal educado, fujão, bagunceiro e elétrico, na primeira semana em casa ele destruiu vários pacotes de papeis higiênico, chinelos, mastigou as latinhas de comida, rolou em uma assadeira de gordura e deixou claro que seria uma figurinha inesquecível em nossas vidas, amigo, presente nas fases mais importantes, odiava briga, toda vez que ouvia gritos se desesperava latindo e pulando, matador profissional de baratas, parece que sabia do meu medo, me olhava com aquela cara de “fique tranqüila, eu te protejo.” Esteve presente nos meus encontros escondidos e nos meus churrascos com amigos, aonde chegava passar mal com tanta carne que ganhava, tinha um olhar que desarmava, eram 3 kg de lingüiça pra ele e o que sobrava era nosso. Ele sempre soube da minha fraqueza, na vez que minha mãe saiu pra uma viagem e eu não conseguia dormir sozinha era ele que estava na cama, do meu lado, pegando no sono só depois de mim.
Difícil de acreditar, ele era um cachorro adestrado. Deitava, rolava, dava a pata, sentava e andava mancando, foi até convidado pra desfilar com a policia militar, mas nunca deixou de fazer xixi nas coisas, impossível calcular quantos lençóis jogamos fora, sem contar as inúmeras vezes que tivemos de lavar travesseiros e toalhas de mesa, minha mãe ameaçou durante toda sua vida “VOU COLOCAR ESSE CACHORRO NA RUAAAAA!” e ele sempre deitava com as patas na cara fingindo não ser o protagonista do problema.
Não consigo aceitar que não tenho mais esse carinho, que não vou mais ser recebida aos gritos e nem ter com quem sentar na varanda até de madrugada, perdi um dos amigos mais fiéis que tive durante toda minha vida, um amigo que nunca se ausentou, um amigo que não sai da cabeça e nem do coração.

Obrigada grande Thor por tudo que fez por nós, saudades eternas, vá com Deus!

2 comentários:

  1. Felizmente esse sentimento vai te acompanhar sempre, e lembre-se Parça, ele agora está em um campo florido correndo atrás de coelhos (sempre imagino a Sindy assim).
    Eu li umas vinte vezes já, tinha que deixar um comentário. Visitar você nunca mais vai ser a mesma coisa sem ele.

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  2. Tb penso que ele está num lugar bem legal, cheio de travesseiros limpinhos pra fazer xixi, a saudade eu sei que será eterna, a dor eu espero que não. =/
    Obrigada amiga linda!

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