sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

21 de janeiro

Pra falar a verdade nem minha mãe sabe o momento exato, ela sempre diz 20h30, mas conheço bem aquela cara de incerteza, por isso nunca acreditei no meu mapa astral, com este horário meu ascendente é leão, mas e se for antes? E se for depois? E se eu realmente fui encontrada na caçamba como meu irmão sempre me aterrorizou e por isso escolheram esta data? Hm... não, acho que esta eu posso descartar, crianças que são encontradas por acaso recebem o nome de Vitória, é de lei, na seqüência os pais aparecem na Sônia Abrão falando que foi um “presente de Deus”, o que não é o meu caso, enfim, 21 de janeiro de 2011, mais um verão chuvoso, mais planos, mais medos, mais uma justificativa para os quilos que não canso de ganhar. 22 anos, idade que dizem ser o fim da adolescência, números que me presentearam com semanas dramáticas lamentando tudo que poderia ter feito, de consolo, parei de tentar me comparar com Mozart que aos cinco anos já compunha minuetos e me aceitei como um ser humano normal, que fez, faz e fará, mas tudo no seu tempo, transformando as frustrações em tijolos e talvez até a crise da meia idade eu tenha construído um lar confortável.
Cabelo vermelho, muito vermelho, parecido com o Bozo, quase não chorava, usava roupas de princesa e não trocava por nada a chupeta azul. Perna torta, voz rouca, temperamento dificílimo, odiada por todos os amigos do irmão, odiada algumas vezes pelo irmão também, daminha de honra de sete casamentos, nunca foi noiva de festa junina, fez aula particular de matemática, química e física, e este ano se forma em humanas. Quebrou o braço três vezes, a perna uma e deu cinco pontos no joelho, fez um mês de balé, depois mudou para o judô, a mais alta da turma, a mais desengonçada da turma, a mais encalhada da turma. Chata, briguenta, ciumenta, curiosa, hiperativa, cheia de toc’s e manias.
Quem sabe mais 22 anos? Quem sabe os gostos mudam? Quem sabe ao invés de esconder eu começo a doar os sapatos velhos? Quem sabe menos duvidas? Quem sabe?
Não canso de perguntar, de errar e de insistir. Não canso de comemorar.

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